Foi concedido, na sede da ADAPAR (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), o certificado de registro do Mel de Abelha Sem Ferrão – Jataí (Tetragonisca angustula), tornando a Acriapa (Associação de Criadores de Abelhas Nativas da APA de Guaraqueçaba) apta a comercializar o produto. A medida vai beneficiar, diretamente, 22 produtores familiares que integram a Associação e que agora poderão obter uma renda extra a partir de uma atividade que alia a conservação da biodiversidade com o desenvolvimento social e econômico.

O projeto é uma iniciativa da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental).

Marcelo Bosco, coordenador do projeto de Meliponicultura (criação de abelhas nativas) na SPVS, explica a importância desta certificação para a Associação. “Desde 2005, quando iniciamos o projeto, a cerificação era uma meta. Para isso, trabalhamos em conjunto com os órgãos competentes na criação de parâmetros de qualidade”, afirma. Segundo ele, a autorização é inédita no Estado. “Durante o trabalho, percebemos uma lacuna quanto às informações sobre este tipo de produto. Os próprios órgãos do Governo foram aprendendo com os produtores e vice-versa”, diz.

Agora, a Acriapa prepara-se para submeter o mel de outras cinco espécies à aprovação do SIP (Serviço de Inspeção do Paraná)/POA (Produtos de Origem Animal). A APA de Guaraqueçaba tem 282.444,02 mil hectares e, na área usada pela Acriapa, são criadas seis espécies de abelhas. O própolis também está em fase de aprovação para sua comercialização.

Após a cerimônia de certificação, representantes da SPVS foram apresentar o projeto no Congresso Nós Podemos Paraná, que acontece em Curitiba nos dias 05 e 06 dezembro. O projeto da Cooperguará Ecotur (Cooperativa de Ecoturismo da APA de Guaraqueçaba) também será apresentado.

Etapas

O processo para certificar o mel produzido na APA de Guaraqueçaba passou por várias etapas. Desde o início do Projeto de Meliponicultura, em 2005, os produtores familiares pensavam na comercialização do mel como meio sustentável de geração de renda. Como parte das exigências para obter a liberação, foi preciso construir uma Unidade de Beneficiamento do Mel (UBM), chamada de Casa do Mel. A Acriapa foi a primeira instituição a ter uma UBM de abelhas nativas do Sul do Brasil. A Casa do Mel abriga a estrutura básica, tais como geladeiras, para a produção e controle de qualidade do produto.

Depois, a Acriapa iniciou o processo de criação de uma identidade visual para o produto, ao mesmo tempo em que obtinha as aprovações iniciais dos órgãos de controle. Por fim, após várias visitas das equipes do SIP, veio a certificação que autoriza a comercialização.

O método

Apesar de já praticada por povos indígenas, a produção de mel e extrato de própolis de abelhas nativas era uma atividade pouco explorada na região. O especialista Marcelo Bosco explica a importância dessas abelhas para o ecossistema local.

“Por serem menores, as abelhas nativas polinizam flores que as abelhas africanizadas, que são espécies exóticas, não conseguem. Além disso, esta iniciativa evita que ocorra a derrubada de árvores para a retirada dos enxames, pois as abelhas são criadas em caixas racionais, contribuindo, assim, para a manutenção das florestas”, explica.

Outra prática sustentável é a captura dos enxames em garrafas do tipo pet – que não agride as abelhas – e são transferidos para caixas racionais produzidas por marceneiros da região, com madeira legalizada. Ou seja, como essas abelhas nativas vivem em colônias em ocos de diversas espécies de árvores, o uso dessas iscas pet mantém a floresta em pé.

Fonte: SPVS

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